quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

AMERICANO - O GLORIOSO DO PARQUE


No mês de abril de 1914, esteve em Campos para jogar contra um combinado local, o time do América Futebol Clube, uma das melhores equipes do Brasil na época e que era o atual campeão carioca.
O jogo deveria ser contra uma equipe formada pelos melhores jogadores da cidade, mas o presidente da Liga de futebol, Múcio da Paixão, resolveu que o time teria dois jogadores de cada time, o que não foi aceito por muitos dos atletas que acabaram formando uma outra equipe para, também, enfrentar os cariocas, contrariando a vontade do dirigente maior da liga Campista em sua posição.
O combinado dos melhores jogadores de Campos, liderados por Luiz Pamplona, do Rio Branco, Nelson Póvoa, do Aliança; e Sinhô Campos, do Luso-Brasileiro, se reuniram no caldo do Zezé Póvoa, no centro da cidade, para escalar o selecionado que jogaria contra o time rubro do Rio de Janeiro, fato que foi apresentado e não aceito pela liga, que ameaçou puni-los, caso a partida fosse realizada, mas eles não se intimidaram e jogaram mesmo assim, tendo perdido a partida por 3 x 1, bem menos do que o time posto em campo por Múcio, que saiu derrotado por 6 x 0.
Surgiu daí a idéia de se formar um novo clube de futebol em nossa cidade. Em uma palestra no hotel Internacional, proferida após a partida pelo jogador Belfort Duarte , que quando soube do movimento logo sugeriu o nome de América para o novo clube, que foi de muito agrado. Mas por intervenção dos irmãos Bertoni (uruguaios, que jogavam no time do Rio), e que ficaram em Campos por uns dias como convidados dos irmãos Pamplona, o clube se chamaria Americano Futebol Clube, nome de um antigo time de São Paulo, onde os uruguaios haviam jogado e que tinha fechado as portas sem conhecer o desgosto de uma única derrota sequer. A idéia logo conquistou os novos adeptos e esse foi o nome de batismo do novo clube.
A data de fundação do clube foi 03 de maio de 1914 e as cores adotadas foram o preto e o branco em homenagem ao Clube de Regatas Saldanha da Gama, no qual quase todos os fundadores eram sócios. Na reunião de fundação do Americano estiveram presentes: Nelson Póvoa, Antônio Campos, Antônio Campos Filho, popularmente conhecido como ‘Sinhô Campos’, Luiz Pamplona, Chiquito Almeida, Begnardi, Daniel Samy, Alfredo Rosas, Heitor Manhães, Diógenes Campos, Jaime Vieira, Fernando Cretela, René Almeida e Osvaldo Santos, que formaram a primeira diretoria do clube.
O Rio Branco, que teve a perda de oito jogadores para o Americano, foi o escolhido para ser o primeiro adversário oficial, que ocorreu em 12 de maio de 1914, com vitória do alvinegro por 4 x 1 . O Americano nasceu vencedor.
Depois de muita luta em busca de um campo, o Americano conseguiu a sua primeira praça de esportes, na Rua Rocha Leão, em um terreno que pertencia a um libanês, que ali guardava carroças e animais. Com pouco dinheiro para pagar pelo trabalho de construção do campo, os próprios jogadores faziam grande parte da obra, comprar madeira para o palanque e arame para cercar o campo, também era difícil, assim sendo, depois de uma festa resolveram pegar madeira emprestada em uma construção na praça Barão do Rio Branco (praça do Liceu) e nunca mais devolveram.
Tudo pronto e agora tinha que tratar da inauguração do campo, que foi realizada em 19 de julho de 1914, contra o América Futebol Clube, do Rio de Janeiro e a partida terminou com o placar de 5 x 1 para os visitantes.
O Americano precisava se filiar à Liga Campista de Futebol (LCF) para poder participar dos campeonatos oficiais, uma tarefa ingrata para um clube que nasceu brigando com os poderes, que funcionava na Rua 13 de maio, no prédio da Lira Guarani.
O novo clube fez a sua reivindicação e a reunião para ter a sua filiação aceita, ou não, foi feita de portas fechadas. Nataniel Galvão e Fernando Cretela, segundo o jornalista Nilo Terra, não agüentando a expectativa, resolveram arrombar a porta e entrando no peito, acabando por participar da reunião, que no final aprovou a entrada do Americano na Liga, mas o Alvinegro queria mais, muito mais, e quando se mudou para a Rua São Bento (atual Barão de Miracema), em 1917, onde o então presidente Luiz Cavalcante fez construir uma confortável arquibancada, banheiros e um túnel que ligava os vestiários ao campo de jogo, o Americano se afirmaria como um dos grandes clubes da cidade e do Estado.
Da Rua São Bento, palco de memoráveis jogos e muitos campeonatos conquistados, o glorioso se mudou definitivamente para o Parque Tamandaré, em área comprada do empresário Julião Nogueira, da Usina do Queimado, dona do terreno onde edificou seu estádio, batizado com o nome do ex-presidente Godofredo Cruz, sendo que este fato ocorreu na gestão de Rubens Moll, e foi daí que o Americano ganhou um carinhoso apelido e ficou conhecido como “o Glorioso do Parque”.
Os presidentes da história do clube foram: Carlos Barroso, Nataniel Galvão Batista, Luiz Cavalcanti, Godofredo Cruz, Oswaldo Povoa, Jorge Pereira Pinto, Celso Moreira, Paulo Alves, Ilydio Rocha, Dr. Artur Cardoso Filho, Antônio Faria, Dr. José Carlos Martins, Dirlaines Mocaiber, Dr. Dioscoro Maia Vilela, Dr. Barcelos Martins, Dr. Paulo de Oliveira Lima, Dr. Lourival Martins Beda, Dr. Edson Coelho dos Santos, Rubens Moll, Antoninho Manhães, Nelson Martins, Amílcar Monteiro, José Costa, Antônio Povoa, Luiz César Gama.
O Estádio Godofredo Cruz foi oficialmente inaugurado em 24 de janeiro de 1954 com uma rodada dupla, quando o Americano jogou contra o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, uma das melhores equipes do continente americano na época e perdeu por 3 x 2 , na outra partida o Goytacaz foi derrotado pelo Bangu, pelo placar de 4 x 1 .
Danilo Knifis, presidente da Liga Campista e secretário do então prefeito Rockfeller de Lima, recebendo apoio do presidente da Federação Fluminense de Futebol, o senhor Eduardo Augusto Vianna da Silva, “o Caixa D'água”, e do então presidente do Americano Oswalnir Barcelos foi o grande responsável pela inclusão do Americano no campeonato nacional, ao interceder junto ao presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, atual CBF) Almirante Heleno Nunes, que comandava os esportes no Brasil durante os anos de chumbo da ditadura militar. Este fez valer o famoso lema do partido do governo, a Aliança Renovadora Nacional – ARENA, “Aonde a ARENA vai mal um time no nacional, aonde a ARENA vai bem mais um time também”. E assim a cidade de Campos teria um representante no campeonato e a vez do Goytacaz chegaria no ano seguinte, eis que esse artifício servia para consolidar o regime militar, através do esporte mais popular do Brasil e, com isso, o campeonato nacional de futebol foi inchando de ano a ano até chegar ao estapafúrdio número de 94 clubes participantes no campeonato de 1979, vencido, de forma invicta pelo Internacional de Porto Alegre.
Após algumas reformas no estádio Godofredo Cruz, visando a disputa do campeonato nacional, o Americano reinaugurou seu estádio no dia 13 de julho de 1975, recebendo seleção brasileira de juniores que estava em fase de preparação para a disputa do Torneio Sul Americano da categoria, o jogo terminou empatado em 1 x 1.
Inúmeros craques vestiram a camisa do glorioso, destacando-se: Mário Seixas, Soda, Valdir Lima, Cri-Cri, Poli, Pinheiro, Fubá, Maneco, Hélio Batista, Chico leão, Vermelho, Lima, China, Evaldo, Sérgio Lima, Vicente, Cleveland, Lula, Nahime, Degas, Pedro Marzullo, Zurlinden, Antoninho, Marola, Adalberto, Frajola, Votinha, Fidelinho, Jota Alves, Paolo Roberto, Dodge, Adalberto, galego, Nélson Póvoa, Zé Henrique, Índio, entre muitos outros que desfilaram pelo estádio Godofredo Cruz.
O clube conquistou 26 títulos campistas, 6 campeonatos do antigo Estado do Rio, o campeonato brasileiro de Seleções, em 1987, representando o Estado do Rio de Janeiro, o campeonato nacional da terceira divisão também em 1987, e as Taças Guanabara e Rio em 2002.
O hino do americano, composto pelo radialista Pereira Júnior e cantado em verso e prosa por sua animada torcida é esse: “Americano / Americano / eu me orgulho em ser seu torcedor / a camisa alvinegra / glorifica no gramado / agiganta o jogador / de vitória em vitória / Americano escreve a sua história / onde perfilam / a fibra na disputa / a honra no vencer / em cada luta / a multidão a torcer / por isso ele cresce / a cada ano / querido e glorioso / meu Americano / querido e glorioso / meu Americano”.

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